quarta-feira, 1 de março de 2017

cristais do tempo



Algumas das previsões mais importantes da física teórica, como as ondas gravitacionais de Einstein e o bóson de Higgs, levaram décadas para serem comprovadas em laboratório. Mas, de vez em quando, uma previsão pode se tornar um fato em um tempo incrivelmente pequeno. É o que aconteceu com os “cristais do tempo”, uma nova e estranha forma de matéria que foi teorizada, refutada e finalmente desenvolvida em apenas cinco anos, desde que foi primeiramente prevista em 2012.
Cristais, como o diamante e o quartzo, são compostos por átomos dispostos em um padrão de repetição no espaço. Nestes novos cristais, os átomos também seguem um padrão de repetição, mas no tempo. Por conta desta estranha propriedade, algum dia, cristais do tempo podem encontrar aplicações revolucionárias na tecnologia, assim como a computação quântica.
A história dos cristais do tempo começou em 2012, com o ganhador do prêmio Nobel Frank Wilczek, do MIT. Como físico teórico e matemático, Wilczek desenvolveu um importante passo ao transferir uma propriedade chave dos cristais convencionais — chamada quebra de simetria — para criar a ideia dos cristais do tempo.
Frank Wilczek procurou saber se, da mesma forma que um cristal quebrava a simetria no espaço, seria possível criar um cristal que quebrasse o equivalente da simetria no tempo
Para entender o que é essa tal de quebra de simetria, pense na água em estado líquido. Em uma gota, as moléculas são livres para se mover e podem estar em qualquer lugar. O líquido sempre se parece o mesmo em qualquer direção, o que significa que ele tem um alto grau de simetria. Se a água congela até virar gelo, as moléculas são forçadas (pelas forças de atração) a se rearranjarem em cristais, nos quais as moléculas dispostas em intervalos regulares. Essa regularidade significa que os cristais não são tão simétricos quanto os líquidos, por isso dizemos que a simetria do líquido foi quebrada quando virou gelo. 
A quebra de simetria é um dos conceitos mais complexos da física. Ela está por trás da formação dos cristais, mas também aparece em vários outros processos fundamentais. Por exemplo, o famoso mecanismo de Higgs — que explica como partículas subatômicas adquirem massa — é um processo de quebra de simetria.
Lá em 2012, Wilczek  surgiu com uma ideia tentadora. Ele procurou saber se, da mesma forma que um cristal quebrava a simetria no espaço, seria possível criar um cristal que quebrasse o equivalente da simetria no tempo. Foi a primeira vez que a ideia de um cristal do tempo foi criada teorizada.
Um objeto como este teria uma regularidade de tempo intrínseca, equivalente ao padrão regular de espaço dos cristais. Para um cristal do tempo, o padrão seria uma mudança constante para frente e para trás em uma de suas propriedades físicas, tipo uma batida de coração que se repete para sempre, um pouco como uma máquina de movimento perpétuo.
Máquinas de movimento perpétuo — que são máquinas que podem funcionar indefinidamente sem uma fonte de energia — não são possíveis, segundo as leias da física. Wilczek reconheceu essa parte estranha da teoria dos cristais do tempo e, em 2015, um outro grupo de físicos teóricos mostrou que um cristal de movimento perpétuo, na verdade, poderia ser possível, sim.
Mas esse não é o fim da história. Em 2016, uma nova pesquisa mostrou que cristais do tempo poderiam existir na teoria, mas apenas se houvesse uma força motriz externa. A ideia era que a regularidade do tempo estaria de alguma forma dormente, escondida de nossas vistas, e que acrescentar um pouco de energia iria trazê-la à vida. Isso resolveu o paradoxo do movimento perpétuo, e trouxe nova esperança para a existência dos cristais do tempo.
Então, no verão de 2016, as condições para criar e observar os cristais do tempo foram apresentadas em um artigo, no repositório online arXiv, depois publicado no periódico Physical Review Letters. Os pesquisadores estudaram como uma propriedade especial das partículas, conhecida como spin quântico, poderia ser repetidamente invertida por uma força externa em intervalos regulares. Eles previram que se fizessem isso com um conjunto de partículas produziriam suas próprias oscilações nos spins, criando um cristal do tempo conduzido.
Em questão de meses, dois grupos diferentes aceitaram o desafio de criar cristais do tempo no laboratório. Uma das equipes disparou pulsos de laser em um trem de átomos de itérbio, produzindo oscilações nas propriedades dos átomos em intervalos diferentes dos pulsos. Isso significa que o s átomos de itérbio estavam se comportando como cristais do tempo.
O outro time focou em um sistema completamente diferente, que consistia na impureza de cristais de diamantes. Eles usaram microondas para perturbar as impurezas em intervalos bem definidos, e assim observaram o mesmo tipo de oscilação de cristais do tempo que o primeiro time. Por fim, as ideias de Wilczek se provaram verdadeiras.

Adaga encontrada veio do espaço




Adaga encontrada  veio do espaço


Pesquisadores concluíram que uma adaga encontrada no sarcófago do faraó Tutancâmon (1346-1327 a.C.) veio, literalmente, do espaço. Em uma análise para determinar a origem do ferro que compõe a arma, os cientistas descobriram que o material é proveniente de um meteorito.

O estudo, feito em parceria pelo Museu Egípcio do Cairo e pelas universidades de Pisa e Politécnica de Milão, foi publicado na revista científica Meteoritics & Planetary Science. Os cientistas escreveram no artigo que a descoberta desta adaga feita com ferro de meteorito é um grande passo na elucidação do misterioso “ferro caído do céu”, relatado em diversos textos egípcios, hititas e mesopotâmicos.

A principal hipótese dos cientistas é a de que os egípcios consideravam o “ferro caído do céu” divino e o utilizava para aplicações extremamente raras, como o enterro de um faraó. “Se já existia na época, o derretimento de ferro provavelmente produzia ferro de baixa qualidade para objetos reais e preciosos. Assim, esta descoberta também comprova que os egípcios já tinham sucesso trabalhando com ferro ainda no século 14 a.C.”, escrevem os pesquisadores.

Na própria tumba de Tutancâmon, os cientistas encontraram outro objeto intrigante: um colar peitoral com um amuleto esverdeado em formato de escaravelho, construído com vidro de sílica do deserto. Como este material só existia de forma natural na região desértica da atual Líbia, os pesquisadores supõem que o vidro usado no amuleto tenha sido gerado pelo impacto de um meteorito ou de um cometa nas areias do deserto do Antigo Egito.

De que és feita, ó adaga?

A técnica usada pelos pesquisadores para a analisar a adaga não danificou o objeto. Eles realizaram uma forma de análise não invasiva, utilizando um espectrômetro de fluorescência de raios-X, que pode determinar a composição química dos materiais. De acordo com o estudo publicado, a lâmina da adaga encontrada na tumba de Tutancâmon contém cerca de 11% de níquel.

Artefatos produzidos com minério de ferro terrestre apresentam índices de, no máximo, 4% de níquel. “O ferro de meteorito está claramente indicado pela presença de alta porcentagem de níquel”, disse Daniela Comelli, da Universidade Politécnica de Milão, em entrevista ao canal Discovery News.

Além das taxas correspondentes de níquel, os pesquisadores encontraram na lâmina menores quantidades de carbono, cobalto, enxofre e fósforo, elementos comumente encontrados em meteoritos.

Agora, os pesquisadores continuarão a analisar os outros objetos encontrados na tumba do faraó, que morreu jovem, aos dezenove anos, de causas desconhecidas. Em paralelo às análises, os pesquisadores estão comparando amostras de meteoritos ferrosos catalogados que tenham caído num raio de dois mil quilômetros ao redor do Mar Vermelho.


Fonte http://revistagalileu.globo.com