domingo, 26 de outubro de 2014

Já há vida terrestre em Marte?


Quando os exploradores portugueses e espanhóis descobriram o continente americano, no início do século XVI, contaminaram o novo mundo com microrganismos. Sem o saber, levaram consigo vírus e bactérias que, desconhecidas dos povos nativos, causaram nestes inúmeras mortes. De regresso à Europa também trouxeram consigo microrganismos do novo mundo.

Agora novos exploradores robotizados desvendam novos horizontes em solo marciano. E, apesar de todos os cuidados em os esterilizar antes de os enviar para Marte, há indícios de que estes engenhos tecnologicamente avançados poderão ter contaminado com bactérias o planeta vermelho.

De facto, e segundo o divulgado nesta semana que passou na reunião anual da Sociedade Americana de Microbiologia, investigações recentes mostram que o robô Curiosity, que chegou a Marte em Agosto de 2012, poderá ter transportado consigo bactérias do género Bacillus. Há evidências de que esporos destas bactérias conseguem resistir aos processos de esterilização usados nestas naves de exploração espacial. Para além disso, amostras da superfície do Curiosity recolhidas antes do seu lançamento, revelaram estarem contaminadas com 65 espécies de bactérias!
 meteorito ALH 84001



Por outro lado, experiências realizadas na Estação Espacial Internacional mostram que há bactérias (e.g., Bacillus pumilus) que conseguem sobreviver pelo menos durante 18 meses nas condições extremas de temperatura, vácuo e radiações existentes no espaço! Isto sugere que não se deve excluir que as eventuais bactérias, ou esporos delas, que tenham seguido com o robô Curiosity na sua viagem de quase dois anos até Marte, tenham conseguido sobreviver às agruras do ambiente espacial.

Na reunião científica referida em cima, também foram divulgados resultados de experiências que mostram que bactérias de vários géneros (incluindo bactérias metanogénicas como as da espécie Methanothermobacter wolfeii) podem sobreviver e reproduzirem-se em condições semelhantes às que se julgam existir nas camadas mais superficiais do solo marciano.


Assim, e resumindo, podemos dizer que muito provavelmente o robô Curiosity, que hoje explora Marte, pode ter levado consigo bactérias, que estas poderão ter sobrevivido nas condições da viagem espacial e que, uma vez chegadas ao solo marciano, podem ter encontrado condições não só para a sua sobrevivência mas também à sua reprodução. Na hipótese de estes factores todos se terem verificado, podemos estar a colonizar Marte com bactérias terrestres. Por outras palavras, a nossa tecnologia está a semear vida pelo sistema solar!


Recorde-se que uma das missões científicas do robô Curiosity é a de procurar indícios de vida em Marte. Ironicamente, esta missão poderá estar votada ao fracasso. Não porque a vida não exista em Marte, mas porque nunca poderemos afirmar que uma eventual descoberta não esteja desde já contaminada pela própria vida transportada da Terra para Marte, a bordo do Curiosity e de outras missões.

Este aspecto terá de ser devidamente acautelado em todas as futuras investigações e eventuais notícias relacionadas com a existência de vida em Marte.



Microfotografia mostrando supostas bactérias fossilizadas no meteorito ALH 84001

Cientistas afirmam: “Pode haver uma Terra dentro da Terra”

Cientistas afirmam: “Pode haver uma Terra dentro da Terra”

Uma equipe de cientistas de Harvard acreditam que uma antiga Terra, datada do tempo em que outro planeta colidiu com um astro para formar a lua pode ainda estar escondido dentro da crosta terrestre. 

Estes cientistas acreditam terem encontrado evidencias deste Planeta. Eles acreditam que um sinal misterioso encontrado ao utilizar um rádio isotópico. É na verdade, um eco de uma antiga Terra enfincada no fundo do planeta á cerca de 4.5 bilhões anos atrás. 

A teoria atual é de que a Terra teria colido com um astro do tamanho de Marte chamado de Theia e que o calor teria derretido a antiga forma do planeta antes de formar a Lua. 
earth-impact-crater-620x350
Mas a equipe liderada pelo Professor Sujoy Mukhopadhyay afirma ter encontrado pistas de que apenas um pedaço da antiga Terra derreteu: “O impacto gerado pela colisão do planeta foi forte o suficiente para derreter a Terra inteira, mas acreditamos que o impacto não se espalhou por toda sua superfice. Boa parte da crosta original pode ter sido completamente vaporizada, mas o hemisfério oposto ficou totalmente protegido e não se derreteu completamente.” 
hollow-earth

A equipe analisou áreas o isótopos de gases nobres bem fundo do manto da Terra e comparou os resultados com o da superfície. Eles acharam que 3He e 22Ne bem próximos ao núcleo são mais significativamente mais parecidos com o da superfície do que a do manto interior. 

“Isso significa que o ultimo impacto gigante não misturou todo o manto da Terra e que não houve um oceano de magma por todo canto.”

HIRST, O TUBARÃO E A ARTE SEGUNDO ARTHUR C. DANTO

HIRST, O TUBARÃO E A ARTE SEGUNDO ARTHUR C. DANTO

De acordo com o filósofo Arthur C. Danto, na obra A transfiguração do lugar-comum, uma obra de arte não está presa em sua aparência visual. Isso soa pertinente conforme sua formulação da teoria da arte pós-histórica, que diz que vivemos (desde a década de 1960) em uma era onde o pluralismo na arte é aceito e não há hierarquias nas artes em geral.A aceitação, pelo mundo da arte, de obras que entram em conflito com um objeto banal (como já visto com a “Brillo Box” de Warhol ou “A Fonte” de Duchamp) visualmente idêntico a uma obra de arte pode inspirar a questionar por que um é banal e outro obra de arte. Esse é o caso do tubarão no formol de Hirst, mais conhecido como a obra de arte intitulada “A impossibilidade física da morte na mente de alguém que está vivo” (1991).
O tubarão impressionou e impressiona muitos espectadores que entram em contato com ele, ou melhor, com esta obra de arte. Essa obra se constitui materialmente por um tubarão-tigre conservado por imersão em formaldeído dentro de um cubo de vidro que dá à peça a dimensão de 4,3 metros. O tubarão foi "congelado" no centro do cubo (que funciona como uma espécie de vitrine tridimensional) em uma posição que, embora não faça ninguém duvidar do fato óbvio de que ele está morto, provoca certa estranheza, já que causa a impressão de ter sido, digamos assim, apanhado em movimento.
Como pertencente à arte pós-histórica, como nos diria Danto, esta obra está partilhando da glória de ser uma obra de arte juntamente com outras grandes manifestações artísticas da história da arte. Em convenção com Danto, ter a ventura de estar no momento histórico certo, isto é, quando o mundo da arte estava aberto a receber obras de tal tipo, momento em que o artista é um homem de ideias e sentidos e não um gênio da técnica (ou no caso um pescador de animais marinhos de grande porte) e o mais interessante, a transfiguração já estava bem sedimentada como a pedra angular deste novo panorama histórico da arte pós Duchamp, Warhol e companhia.
 Com isso, o tubarão que nadava serenamente em busca de alimento não era uma obra de arte, mas quando entrou, mesmo após seu falecimento, em um retângulo de formol e sofreu a transfiguração de Hirst, que lhe conferiu sentido, não o deixando preso à aparência retiniana e lhe nomeou de “A impossibilidade física da morte na mente de alguém que está vivo”, aqui morre o tubarão e nasce a estrela, ou melhor, a obra de arte.


© obvious: http://lounge.obviousmag.org/transfigurar/2012/04/hirst-o-tubarao-e-a-arte-segundo-arthur-c-danto.html#ixzz3HF3o3oCm 
Follow us: obviousmagazine on Facebook