Adaga encontrada veio do espaço
Pesquisadores concluíram que uma
adaga encontrada no sarcófago do faraó Tutancâmon (1346-1327 a.C.) veio,
literalmente, do espaço. Em uma análise para determinar a origem do ferro que
compõe a arma, os cientistas descobriram que o material é proveniente de um
meteorito.
O estudo, feito em parceria pelo
Museu Egípcio do Cairo e pelas universidades de Pisa e Politécnica de Milão,
foi publicado na revista científica Meteoritics & Planetary Science. Os
cientistas escreveram no artigo que a descoberta desta adaga feita com ferro de
meteorito é um grande passo na elucidação do misterioso “ferro caído do céu”,
relatado em diversos textos egípcios, hititas e mesopotâmicos.
A principal hipótese dos cientistas é
a de que os egípcios consideravam o “ferro caído do céu” divino e o utilizava
para aplicações extremamente raras, como o enterro de um faraó. “Se já existia
na época, o derretimento de ferro provavelmente produzia ferro de baixa
qualidade para objetos reais e preciosos. Assim, esta descoberta também
comprova que os egípcios já tinham sucesso trabalhando com ferro ainda no
século 14 a.C.”, escrevem os pesquisadores.
Na própria tumba de Tutancâmon, os
cientistas encontraram outro objeto intrigante: um colar peitoral com um
amuleto esverdeado em formato de escaravelho, construído com vidro de sílica do
deserto. Como este material só existia de forma natural na região desértica da
atual Líbia, os pesquisadores supõem que o vidro usado no amuleto tenha sido
gerado pelo impacto de um meteorito ou de um cometa nas areias do deserto do
Antigo Egito.
De que és feita, ó adaga?
A técnica usada pelos pesquisadores
para a analisar a adaga não danificou o objeto. Eles realizaram uma forma de
análise não invasiva, utilizando um espectrômetro de fluorescência de raios-X,
que pode determinar a composição química dos materiais. De acordo com o estudo
publicado, a lâmina da adaga encontrada na tumba de Tutancâmon contém cerca de
11% de níquel.
Artefatos produzidos com minério de
ferro terrestre apresentam índices de, no máximo, 4% de níquel. “O ferro de
meteorito está claramente indicado pela presença de alta porcentagem de
níquel”, disse Daniela Comelli, da Universidade Politécnica de Milão, em
entrevista ao canal Discovery News.
Além das taxas correspondentes de
níquel, os pesquisadores encontraram na lâmina menores quantidades de carbono,
cobalto, enxofre e fósforo, elementos comumente encontrados em meteoritos.
Agora, os pesquisadores continuarão a
analisar os outros objetos encontrados na tumba do faraó, que morreu jovem, aos
dezenove anos, de causas desconhecidas. Em paralelo às análises, os
pesquisadores estão comparando amostras de meteoritos ferrosos catalogados que
tenham caído num raio de dois mil quilômetros ao redor do Mar Vermelho.
Fonte http://revistagalileu.globo.com
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